começando pelo começo #1

você já deve ter ouvido por aí que Deus é bom. eu tenho certeza que já! provavelmente, você que lê meu blog é meu amigo e não faz parte do grupo dos povos não alcançados. então, você já ouviu – não necessariamente por mim – que Deus é bom. atualmente, eu moro a 230 km (marromenos) da minha cidade, pouca coisa, e estou provando e vendo essa bondade e quero compartilhar com você. 

uma aluna me disse que preciso começar do começo quando falar da missão: por quê? quando? tipo um lead de jornal. talvez eu não consiga essa proeza, mas vou tentar. 

no dia 1 de fevereiro de 2022, eu me mudei para uma cidade que faz fronteira com Sergipe, conhecida, infelizmente, por ter um dos piores IDH do Brasil. porém,  a primeira vez que ouvi sobre Itapicuru foi em janeiro de 2021, quando soube que havia uma alto índice de analfabetismo nessa cidade e fiquei com a pulga atrás da orelha: como? Porém, só consegui visitá-la no feriado 2 de julho com a equipe de missões da minha igreja de Salvador. Fui a três povoados, para mim a experiência mais marcante foi quando o carro quebrou, foi visível que era para gente ter um encontro com uma moça. fiquei pensando: Deus é tão amoroso que faz o carro quebrar, no meio do nada, para orarmos por uma família e ouvi-la. 


Eu e a equipe em Julho/2021

vida que segue, voltei à rotina. fui fazer uma escola de capacitação ministerial chamada Siga-me. o prático da escola seria em Itapicuru, por isso, oramos todo o mês de novembro pela cidade, e eu gostava sempre de orar por um tema: alfabetização na cidade. no início, a monitora da escola falou comigo e mais duas pessoas: "A resposta da oração de vocês está em suas próprias mãos.". e não é que estava mesmo? Primeiro, eu já estava responsável por um projeto de leitura aqui – que eu não sabia como começar –, mas meu objetivo era escrever o projeto, organizar e outra pessoa (de preferência algum morador) começar. mas era necessário mais, eu sabia que sim, e nada me impedia de fazer isso presencial (não tenho filhos, não sou casada, sequer trabalho fixo eu tinha - apenas estágio etc), mas na minha cidade há todo meu conforto, família e afins, e passei a orar por: devo morar em Itapicuru? E tinha um detalhe: eu não estava bem, estava muito mal na verdade, e decidi: quando eu estiver no prático, resolvo isso. 

eu e minha turma indo para o prático.

foi estranho quando a van subiu a ladeira da cidade, e eu pensei "estou em casa", logo os dias foram seguindo, e comecei a perceber que de fato Deus poderia estar me apontando para cá. aqui temos uma parceira com uma igreja na cidade, mas durante toda a semana era difícil falar com os membros porque a gente quase não parava, íamos e voltávamos tarde dos povoados – eu queria e passei a orar para conversar com os professores da igreja (que eu soube ter muitos) para saber como era a educação na cidade. no penúltimo dia, a cidade ficou sem luz praticamente o dia todo, por isso não saímos para evangelismo, advinha o que aconteceu? sim, falei com dois dos professores, coisas do tipo "oi!", "nossa, você é professora? sou formado em educação física", coisas casuais. então um deles me disse (DO NADA!): "na escola em que trabalho está pegando currículo, me passe o seu!", assim fiz – aquilo estava cheirando a resposta de oração! – e desde então começa o que costumo chamar de: quando se tratava sobre eu morar aqui, tudo se resolvia fácil demais. em 23 de dezembro, recebi uma mensagem de outro professor da cidade – também da igreja – me pedindo o currículo para vaga de professora de português. 

mas eu ainda não estava bem, havia tanta divergência interior para uma mudança (tenho medo de toda narrativa missionária se achegar com pó de pilipimpim, fazendo as pessoas acharem que foi tudo muito lindo, então quero ressaltar: eu estava um fiasco!). me encontrava (e em partes me encontro) quebrada, mas, pelo visto, Deus estava fazendo o que Ele fez com Moisés "Sou eu, e não você." – não pensei nisso na época. então, quando fui aprovada em uma escola, das quais coloquei o currículo, entendi que eu precisava estar aqui, aquilo foi só a confirmação para eu não fugir de Itapicuru, o que seria muito provável, e também foi um empurrão para que meus pais tivessem confiança no meu (re)começo. nisso, vi Deus mais uma vez.

iniciou um processo de aconselhamento para analisar se era de fato o tempo, falei com minha psicóloga na época, tive dificuldades de saúde logo no início do ano, mas, graças a Deus, venci! eu estava com dificuldade de enxergar, meu sentir falhando, mas era necessário um passo de fé da minha parte diante de todo o contexto. e foi assim que eu disse: SIM! eu irei. (um pequeno vídeo sobre o que estava sentindo)

precisei vir antes do envio da liderança da base, porque a jornada pedagógica começava dia 1 de fevereiro.então, dia 30 de janeiro foi meu culto de envio. o meu esperado culto desde 16 anos. 


fui enviada com uma amiga que fez a escola comigo, ela (que só viria um mês depois) precisou ser apresentada antes e para nós isso foi MUITO significativo, hoje dividimos o mesmo quarto. 

no dia seguinte, era o dia de partir, mas advinha quem perdeu o ônibus? eu mesma, e só teria outro 5 da manhã, mas como amo datas foi muito bom vir no dia seguinte: 1 de feveriro de 2022, começando o mês de fevereiro num ônibus, vendo o dia nascer, chorando vendo minha mãe pela janela. estaria eu ficando louca? não sabia, mas eu precisava sair e ver o que tinha do outro lado. lembro até hoje do céu e da escuridão do ônibus. 

foi assim que vim parar aqui, na fronteira com Sergipe, onde há pessoas que não leem, ou seja, nunca leram nada da Bíblia, pessoas que desconhecem (presta atenção!) o "Pai Nosso", ainda que digam que creem em Deus, pessoas que não sabe nada sobre o Gênesis, e dizem que o "o Natal é bom" – isso é tudo que elas sabem sobre a data.

eu gostaria de ter uma história à la Amy Carmichael para contar, mas foi assim que me mudei, os detalhes? não cabem aqui, foram muitos, com muitas lágrimas e afins. por fim, termino como comecei: O Senhor é bom. é uma honra vê-Lo tocar o sertão, é um privilégio vê-Lo tocar os nossos corações.  


1 - a placa de emergência do ônibus; 2 - minha mãe me olhando ir embora
3 - eu, depois de chorar horrores, fingindo plenitude; 4 - mala pronta


"Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?" (Salmo 116:12)



E assim, já se passaram 6 meses que estou aqui. E mais de um ano que eu não conseguia escrever para o blog, rs. Espero falar desses meses, dividir testemunhos, angústias e alegrias. Você pode orar por isso? rs [fiquei mais de um ano sem escrever para o blog!]
Obrigada Espírito Santo


vem comigo pro sertão que vai dar bom!

você pode contribuir com o que Deus tem feito no sertão. 
pedidos de oração: 
- pela saúde mental e física dos missionários; 
- para que Deus levante mais trabalhadores; 
- para que o Senhor acenda ainda mais a paixão em nossos corações (por Ele e pelo outro); 
- por mais fome pela palavra; 
- por saúde nas relações interpessoais;
- para que espírito de sabedoria e revelação esteja sobre nós; 
- para que a gente não desista de permanecer em Cristo. ♥



Comentários

  1. Nik, é Liene, tenho muito orgulho de vc. Aproveita cada segundo ai porque isso é privilegio poder ser útil ajudando pessoas como Jesus faria (muitos tem o chamado, mas n tem coragem). Amo vc! Vc é incrivel!

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  2. Obrigada por compartilhar um pouco dessa jornada, Nicole!! Jesus é com vocês

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