eu cantei sabor de mel

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nos últimos dias tenho sido confrontada a me olhar no espelho, falarei nesse texto coisas por vezes generalizadas, mas a intenção aqui é falar sobre mim - é o meu relato a respeito de uma especificidade.

então eu, logo eu, que fui criada no rol evangélico de ler artigos de teologia pela internet, já me encontrei diversas vezes com a teologia controversa da música Sabor de Mel, a tal vingança gospel , que é destoante das palavras de Cristo, confesso que ria sempre dessas músicas e batia no peito bravamente gloriando-me de que aquelas músicas eu não escutava (afinal minhas músicas eram banhadas da inteligência) e dizia que aquilo não era o Evangelho de Cristo - e não é até hoje, pois o Evangelho é imutável, mas acabei tropeçando e mais que cantei a bendita. E ainda nessa onda de vanglória por ler Calvino e Spurgeon, e reconhecer heresia em música gospel, esqueci de Paulo que me aconselhou que quem está de pé deveria cuidar-se para não cair.

e foi assim que vagando por esses dias no mundo dos meus pensamentos me peguei vivendo sabor de mel, com aquela frase infantil e que pode beirar a uma inocência "você vai ver!" mas de inocente não tinha nada, pois era o velho "quem me viu passar na prova e não me ajudou quando ver você na bênção vai se arrepender" contudo em forma curta, pois minha preguiça não me permitiu reproduzir essa frase enorme substitui suavemente por "você vai ver! [vou conseguir]" (dentro do contexto e toda a analise do discurso me vi falando o que tanto discriminei).

Eu me vi tirando o cisco do meu irmão enquanto eu tinha lasca de madeira entre os meus olhos e o óculos.

"E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. "Mateus 7:3-5

Aquele tom costumeiro de voz aveludada com tanta bondade tecendo tantas críticas a Igreja precisa ser arrancado do meu seio, critico a teologia da prosperidade e o uso incorreto de filipenses 4.12, mas me perco no mesmo ou em coisa pior [não estou indo de encontro a exortações para Igreja, Paulo fez isso, mas logo me recordo que Paulo era um pai, ele sofria dores de partos pelo corpo de Cristo, a exortação dele estava inundada no amor]. Era só um artigo, só um textão de facebook, um vídeo no youtube.. Só um comentário, mas então me pego perdendo-me entre discursos da norma padrão, analisando o padrão do irmão, perdendo-me em discusões: Calvino ou Armínio? E escutando de leve o velho e duro se afaste de mim, não te conheço. Conhecer teologia não é conhecer a Deus, embora seja o estudo de Deus.

Você já dissecou um sapo? Há um tempo atrás, bastante tempo, estive em uma aula que falava sobre isso, estávamos todo no laboratório e o sapo morto na vasilha, e a promessa de dissecar e toda aquela emoção, perceba então que o sapo estava morto, examinar a anatomia no animal necessitava que ele estivesse morto. Ah, quantas vezes me relacionei com um deus morto para poder dissecá-lo? Sublinhei linhas em um livro qualquer para reter conhecimento ou até enviar para alguém, mas a lasca de madeira permanecia nos meus olhos. Um sapo vivo sairia daquela vasilha, um Deus vivo sairia das minhas concepções,  porque religiosidade vai além de ser contra a piercings e tatuagens.

Há um homem de 33 anos sentado no seu trono esperando conversar com uma noiva que ele deseja casar, não me parece morto, embora haja algumas cicatrizes pelo corpo, me parece ressurreto, de sua boca sai uma espada que divide tudo em mim, diante dele quem se mortifica, e ganha vida novamente, sou eu. E do seu trono fluem rios de águas viva.

A lasca só se aparta na religação de Deus para com o homem, não na falsa religião em mim para com Deus.

Não quero mais cantar sabor de mel.



SOBRE O QUE NÃO ESTOU FALANDO NESSE TEXTO:
1. Sabor de mel não é herética.
2. teologia não é importante.
3. teologia reproduzida na internet não é boa.
4. não estou falando que todo mundo é como eu, mas que eu caí certas vezes neste buraco, é um diário a bordo - digamos assim.




(Obrigada Espírito Santo)


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