hora de sair.

uma poesia de um tempo escrita que se encaixa nesse texto (acho), Geu ela ainda é sua! <3

existe um tempo que precisamos reconhecer o tempo: e há momentos que é tempo de fechar as cortinas e dar um tchau, ainda que seja breve, existe a hora de se afastar e não precisamos, e não preciso, ter medo disso. calma, isso não é uma despedida dos escritos, estou - como sempre - escrevendo aqui como se fosse meu diário, pois assim o é. 

uma vez ouvi que minha geração recebe mais informação em um dia do que meus avós receberam durante toda a vida deles (olha a ironia, recebo tanta coisa que não lembro onde escutei isso, acredito que foi num podcast), a tecnologia diminuiu a distância, nos deu acessibilidade, e isso sabemos bem, mas será que temos noção do impacto que isso tem na nossa mente? eu amarelei nesses dias e me retirei do twitter, e dia ou outro vou fazer um retiro de mim. era muita coisa em pouco tempo e não suportava mais. 

e talvez sair, se dar um tempo, indique fraqueza, e meu pai eterno, o quanto resistimos - ou seria apenas eu? - em querer demonstrar as nossas fraquezas, e preciso confessar (ao escrever esse texto estou com o desejo enorme em escrever tudo no plural, mas volto as palavras para mim, para não fugir do compromisso da confissão) que me seguro a tantas coisas sem sentido por achar que suporto aquilo, ou que devo suportar, mas a vida não é um teste de resistência do BBB, há momentos que devemos dar dois passos para trás e dizer "epa! para mim aqui não dá mais!" e isso tudo é como numa ferida a gente precisa parar de mexer para ela sarar, ou evitar contato para saber o que a feriu até ali, pois se toda hora meto o dedo, chamo alguém para ver, deixo a ferida aberta recebendo poeira de tudo que é canto, o que você  acha que vai acontecer? infeccionar.

as vezes engulo informações como quando como pipoca assistindo filme: simples quase como algo banal, mas atrás de toda notícia tem uma pessoa com uma história, entende? 

escutar músicas é maravilhoso, mas saber desligar o som é uma dádiva, acredito que esse texto não é apenas sobre a hora de sair, mas saber o tempo de voltar, é sobre perceber os tempos, assim como as estações do ano e o barulho da cidade - a cidade interna - não me deixa perceber o que de fato importa, quantas vezes o quantificar foi a minha melhor forma de medir a qualidade? e, agora, veio na minha mente o que o salmista diz sobre um dia na casa do senhor e mil dias em outro lugar, isso é sobre manter-se no que importa

eu tive e estou tendo que me desacelerar para perceber o que quero e para onde estou indo, precisei desacelerar para chorar com os que choram e rir com quem está rindo (porque tem dia que tudo que a gente faz é questionar por que ela/ele tem e eu não? quero brindar a felicidade daqueles que conheço ou não, inclusive parabéns para você que leu até aqui.), e quem sabe devo ainda desacelerar mais para ver a beleza da janela da minha casa, devagar... quase parando, mas a gente tem valorizado tanto o movimento, né? parece que parar acaba sendo o maior pecado que alguém pode cometer.

tudo o que não quero com esse texto é romantizar o processo, produzir um ar de good vibes, paz e amor e a internet tem o poder mágico de fazer isso: parece tudo tão simples de longe que você se sente a maior idiota por não conseguir. o contemporâneo exige agilidade e propor o oposto é brigar com o sistema (o sistema em si que está impregnado na sua própria pele), há dias que tudo que resta é brigar consigo mesma e isso dói. sabe a imagem na minha cabeça que penso ao pensar em desacelerar? um cavalo sendo freado.

sssssssssssshhhhh. contemplação. direção. caminhar de novo.

há (acho que estou usando muito desse verbo aqui) muita coisa que ainda não abri mão, confesso, há uma sensação de poder quando se tem muito, muitos seguidores, muitas informações, muita coisa no lattes, muito dinheiro, objetos, roupas, já parou para pensar que temos criado despensas de vento? despensa de coisas que podemos dispensar. é hora de sair, ainda que à francesa da sala. (e, não se preocupe, pois desligarei a luz!)



o mar recua para ganhar força. 

"Está tudo bem - gritou Aslam alegremente. - 
Quando os pés estão corretos, todo o resto os acompanha." 
As Crônicas de Nárnia - Livro II


ajude-me espírito santo a não correr a corrida banal da vida, e obrigada.

Ps: Coincidentemente (será? Jesus mesmo!) Luany escreveu um texto que perpassa sobre as mesmas coisas que este, vai lá, lê também aqui

Comentários

  1. Lindo, lindo. Louvado seja Deus, por mais textos assim!

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    1. Que bom que gostou, sinta-se a vontade por aqui! Sim, glória a Ele mesmo! :)

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