Relatório das viagens | Bahia, Paraíba e Recife.

Amo o fato dessa foto ter sido tirada por uma criança de quatro anos. :)

    
O missionário é um acúmulo de saudades, diante das idas e vindas no aeroporto, escrevo este informativo, com saudades dos novos amigos e ansiosa para o futuro em que avisto, ambas as coisas conectadas pela gratidão. O que Deus fez nesses dias além das fronteiras da minha terrinha foi indescritível!

    A viagem começou em 27 de março, quando fui para o semiárido baiano apoiar a Missão Itapicuru numa imersão de Páscoa com +40 voluntários, foram 4 dias intensos! Nunca senti tanto cansaço na missão como naqueles dias, fui para servir, fornecer ajuda para a Missio (a equipe que estava lá), por mais que isso seja clichê, mas fui servida por eles no olhar de gratidão, nas conexões, nos surpreendentes testemunhos relatados pela equipe e outros que não foram proferidos, mas era perceptível o Senhor construindo algo nos corações, em breve os ouvirei, tenho certeza.

    Nesses dias, pude matar a saudade dos povoados, vendo-os serem tão amados pela Missio, num projeto de massagem nos pés, pintura das unhas, contação do plano de redenção, limpeza na pele — permitindo assim em cada atividade o povo se sentir amado — e um "shopping" no meio disso tudo (o que me impressionou, pois não era doação de roupa apenas, as pessoas sentiam-se numa loja, podendo escolher as roupas conforme seu corpo, gosto e afins, isso dá uma autonomia que alegra ao meu coração, além de terem pessoas para servi-los quanto a escolha da roupa e para experimentar). 

    Sobretudo, o Senhor nos presenteou com um batismo no final da tarde do domingo e não foi qualquer batismo (embora um batismo nunca seja "qualquer"), dessa vez batizamos nossa amiga B., uma cigana que conhecemos desde 2021, seu coração sempre foi muito disponível a receber orações, e sua casa também a nossas visitas, mas o que saltou ao meu coração foi o povo que ela representava. Os ciganos são um povo não alcançado (PNA) tanto fora quanto dentro do Brasil, segundo Ronaldo Lidório apenas 1% declara-se cristão, sendo que no nosso país há 1 milhão de ciganos espalhados por todo nosso território. Ver alguém de um povo tão raro na fé se comprometendo a Jesus, diante de jovens queimando pela pregação do Evangelho, sem dúvidas, foi um sinal: os campos estão mais que brancos. 


Assim percebo que cada cansaço vale a pena. 

Como saber mais da missãoTestemunho de uma das meninas que fez a imersão 

Segunda parada: Paraíba — Encontro Nordeste Perspectiva 

    Antes de ir à Paraíba, fui em casa resolver algumas coisinhas e logo após desbravei o meu caminho de quase 17 horas, digo que cada minuto valeu a pena. O encontro Nordeste foi intenso, em três dias falamos sobre curso, projeto de turma, povos não alcançados, permanecer na videira, estratégias missionais. Senti como uma pá em meu peito desenterrando anotações antigas no meu diário e coisas que nem fazia ideia serem tão importantes para mim. Por exemplo, o fato de não atuar na sala de aula como professora de Língua Portuguesa não me torna menos amante da educação.  Isso ficou mais claro que a luz do dia. 

    Ainda acredito que a educação vira chaves, pois a Verdade, afinal, liberta. Então, através do conhecimento do propósito global de Deus, acredito que mais pessoas se envolverão na missão, atuando nas infinitas áreas possíveis contribuindo para Cristo retornar. Isso envolve a mobilização da igreja, no meu caso, envolverá de modo específico a mobilização da cidade de Salvador. Incentivar às pessoas a se envolverem com o estudo da missão de Deus causará um impacto gigantesco. Acredito, por isso me envolvo, estou junto com eles para uma década missionária! Mangas arregaçadas e vói'lá ao trabalho. 

Prontos para mobilizar a Bahia!

Obs.: Tive o privilégio de ouvir uma aula da Durvalina Bezerra — grande missionária no Brasil que trabalha na capacitação de outros missionários — ao vivo, a sala tinha um ar de temor ao Senhor, diferente de outras aulas que já estive, os cabelos grisalhos dela constrangiam o meu coração, todos ali presentes estavam intensamente reverentes àquele momento. Fui presenteada por Deus sem dúvidas. 


Terceira parada: Recife — Shores of Grace 

Essa mesa foi palco de lágrimas e risos, o Reino de Deus é composto por amigos.

    Shores of Grace significa margens de graça, são ondas de graça que se chocam com a areia, quente, da praia. Não há nome melhor para descrever o que Deus tem feito através dele em todo o Recife e como fui atingida por tudo isso. Conheço o ministério desde 2016/2017, uma ferida sobre prostituição e tráfico humano estava alargando-se e por nada fechou, graças a Deus! Agora, desenvolvo um trabalho com pessoas em situação de prostituição em Salvador junto com amigos e pude então me aprofundar sobre o tema lá, além de lembrar o quanto esse ministério foi/é importante para mim. Contudo, Deus faz sempre infinitamente mais o que pensamos ou sonhamos, lá eu fui curada, senti o abraço do Pai (o que tanto é falado), o abraço que sempre me carrega quando não consigo andar, ou sequer respirar. Deus me esticou a sonhar mais, a dar passos de fé e um passo também rumo ao futuro. Fui confrontada sobre quem sou e quem devo me tornar, fiz amizades incríveis que quero levar comigo na jornada — e sei que nos veremos mais vezes. 

    No Shores, participei de diversas atividades: noite de adoração, discipulado com adolescentes da comunidade (o qual me apaixonei), visita aos lares (que me lembrou muito à minha amada Itapicuru), reunião com o CICAF (que aprendi sobre defesa de criança e do adolescente), participei da palestra da central de adoção, que tudo tem a ver com o que desenvolvo em Salvador também, estive na Vila Betânia (uma casa de acolhimento) servindo na escala com bebês e um momento de bate-papo com as meninas da casa, evangelizei na praça pessoas em situação de rua, o que muito me desafiou e pude aprender, por fim também evangelizei pessoas em situação de prostituição durante a madrugada, o que para mim é novo, pois sempre vou em outros horários. Ver as meninas em situação de objetificação em contraste com a paternidade do Pai me leva a querer que elas saibam mais disso. Em todos os dias era perceptível a graça e amor do Pai sendo derramado, a simplicidade envolvida e a certeza que: o que impede a igreja em avançar em trabalhos evangelísticos? (mas é conversa para outro dia) 


    Essa foto foi tirada em uma das visitas na comunidade, foi especial (como sempre), ver um Deus que é simples, que se assenta à mesa me faz pensar o que importa de verdade. Acredito que são encontros como esse que calibram nossa jornada. 
    Muitas das coisas que vivi nesse quase um mês não serão possíveis descrever aqui ou contar numa roda de conversa, mas, acredito, florescerão com o tempo. Sou grata a Deus por cada dia, encontro, palavra e em tudo pude ver Sua mão estendida, Seu amor latente não só por mim, mas cada cidade, inclusive por Recife. Destaco Recife por ser a terra do meu pai, das minhas tias, estar lá me fez me senti conectada com a minha família, com a terra e lembrar que Deus a ama também (presentes que só o Senhor pode fazer).

    Obrigada por fazer parte disso comigo, você foi e voltou comigo. 

| se quiser continuar participando dessa jornada, ore por mim, compartilhe este informativo com outros, e pode ofertar neste pix: 71 991520644 :) 

E se quiser receber mais notícias como essa, fale comigo. 

oes


Comentários

  1. se a viagem te fez escrever aqui, valeu muito mais a pena! te amo, Ni 💜

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  2. alegrou o meu dia em proporções gigantescas! te amo, tuntun.

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