talvez eu chore


Imagem de aesthetic, beige, and flowers

não está dando mais, e que bom que não está dando, talvez era isso que me faltava: não dar para dá; de fato, colho sementes que um dia plantei - eu ria pelo campo enquanto lançava as parcas sementes de quase nada, e ao fazer tudo isso visava um campo cheio de flores, sei que fiz papel de idiota. 

escrevo esse texto na sala de aula e tudo que quero é não chorar, é estranho chorar do nada com um monte de gente ao seu redor que não tem nada a ver com o que você sente, na verdade, embora elas desejem - talvez - te consolar, mas como consolar sentimentos que nem você mesma sabe explicar? mas talvez eu chore, porque o que faço agora é me expor ao espelho e tentar arrumar um quebra-cabeça (tomara que dessa vez não se encaixe alguma peça) 

sempre tive uma mania de andar com a mochila cheia de treco, iludida na possibilidade de talvez precisar de algo; quando eu tinha uns sete anos levava na mochila uns brinquedos quebrados que para mim eram coisas tão preciosas que o mundo precisava conhecer - mas estavam quebrados; antes do kindle queria andar com uns cinco livros na mochila na tentativa de quem sabe ler um, se acontecesse algo eu estava preparada, essa era eu tentando prever o futuro, será que quando eu ficar velha a discovery home virá na minha casa para fazer aqueles programas de desacumulo? talvez não, pois não está dando mais. 

minhas cobranças, meus planos anuais e o meu desleixo, que é na verdade um modo de não dá de cara comigo mesma, estão me sufocando, por que estou escrevendo tão diretamente? acho que nem minha mente consegue produzir mais sentimentos que andam de sapato de algodão, estou como ando por aí: sandália rasteira, quase descalça pisando no barro. tudo isso é porque gostaria de conhecer, como na palma da mão, toda a literatura brasileira, e toda é muita coisa, eu sei, mas confesso que amo saber detalhes de tudo, será que machado gostava de suco de umbu? será que ele pensava que machado seria machado e ninguém o questionaria? é uma droga não saber das coisas, é uma droga saber que carrego isso comigo, carrego comigo desde o nascimento a sina de ser finita. 

cá, estou confessando os meus pecados, sinto que recebi a melhor refeição e simplesmente neguei o prato, você sabia que o 1,3000 bilhão de tonelada alimentícia, que poderia matar a fome de muita gente, vai para o lixo? choro e peço perdão, por que raios não há uma máquina do tempo? quem me ama tanto ao ponto de suportar tanto lamento?

eu errei. eu pequei, e sinceramente, se você souber o que faço agora, que conta matemática efetuo para obter resultados, você pode me enviar um e-mail? pode me ligar? são os meus brinquedos quebrados, que ninguém tinha interesse, foram os verbos mal conjugados, estamos em 2019 e eu penso nos anos 2000, penso quando tinha uma barbie e eu era corajosa o suficiente para brincar com ela "de viagem."

você ainda tem fome? você ainda tem sede? 

algumas coisas foram deslocadas do lugar, mas elas são efêmeras diante ao que se mantém diante do tempo. 

você ainda tem fome? você ainda tem sede? 

se perdoe. este é o meu recado para você - e para mim, se perdoe. o colo esta disponível, volte lá e permaneça, escute o coração dele, e veja o próximo passo.

so keep with eyes fixed in the high, in christ alone.


(sobre crises do fim de semestre, a vontade eminente de chorar e dizer que vai largar tudo de novo - essa fase nós vencemos, lembra?)
                                                    
Ah, Espírito Santo, obrigada por me segurar.






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